Há algum tempo tive o prazer de assistir esse filme no
cinema ainda em São Paulo, e como ontem ele passou na TV aberta o revi. No dia
que assisti me deu uma forte vontade de escrever no blog, mas fui deixando essa
vontade para depois ate que passou. Ontem ao ver ele novamente agora em um
ambiente completamente diferente da primeira vez, em casa deitado no sofá me
veio todas as lembranças e o desconforto que senti no dia do cinema então
resolvi escrever...
No dia que fomos assistir (eu e uma turma de novos amigos de
SP) pegamos a ultima sessão do Cine, o que não vem ao caso afinal o tema
principal da postagem não é esse e sim o filme e minhas impressões daquele dia que
e eu particularmente achei ele MARAVILHOSO, de uma poesia, uma simplicidade que
cativa, e sobre a fotografia impecável! O que me incomodou no filme não foi o
roteiro que por sinal é magnifico, nem os atores que sinceramente me
surpreenderam, mas o que foi desconfortável pra mim foram ás pessoas que assistiam,
eu estava ali vendo um drama, não um dramalhão daqueles que se chora do começo
ao fim, mas um drama que varias pessoas que saem do nordeste, digo, não só aqui
do nordeste mas de Minas, Para, e tantas outros lugares que vão para São Paulo
em busca de algo “melhor” e não conseguem voltar pra casa ou que esse “melhor”
não é tão bom quanto eles desejavam.
Ai me pergunto: Será quantos no meio daquela plateia não
tiveram algum parente que veio antes para só depois de juntar um dinheirinho
chamar a família, ou se colocaram na posição de subserviência para a família do
patrão, quantas mães que eram empregadas domesticas não sabiam separar “o que
era de Fabinho” e o que era dos filhos dela, ou as patroas que mesmo dizendo “você
é como se fosse da família” mesmo assim não permite que a empregada saia da “senzala
da casa” ou quantos Fabinhos não estavam em casa com a Babá para que as mães
estivessem ali no cinema. Enquanto a maioria das pessoas riam do jeito da
empregada que fazia de tudo pra agradar os patrões e mostrar para a filha onde
era “lugar dela”, Eu me sentia desconfortável por saber que tantas “Val” ainda
tão por ai na mesma situação. Vamos parar de tanta hipocrisia em achar que isso
é só historia de cinema, por isso que o filme é bom porque em meios aqueles
sorrisos deve haver uma vergonhosa identificação.