"Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei" (Salmo 91)

16 de setembro de 2009

Sociedade Viva Cazuza passa pela pior crise

ONG que cuida de 22 crianças com HIV deixou de receber verba de emendas parlamentares.

Imagine gerir uma casa com 22 crianças e jovens, com idade entre 4 e 17 anos e que precisam de cuidados especiais. Lucinha Araújo faz isso há 19 anos na Sociedade Viva Cazuza, ONG que criou três meses após perder o filho para a AIDS e que dá casa, comida, roupa, escola, assistência médica e amor a meninas e meninos soropositivos - em sua maioria, sem pai nem mãe.

A entidade, em um imóvel em Laranjeiras, passa pela sua pior crise financeira. As despesas mensais somam R$ 60 mil, mas o dinheiro arrecadado com os direitos autorais de Cazuza, sua única receita, só cobrem 20% disso. A maior parte dos gastos é com pessoal, já que muitos profissionais dividem os quatro turnos de trabalho: cozinheiras, faxineiras, lavadeiras, enfermeiras. A dificuldade financeira levou à redução do número de babás.

Mas Lucinha não desiste. Por meio de ministros que conhece, quer marcar uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para pedir socorro. "Somos a única casa de apoio a soropositivos no Rio", diz. Além de Lula, ela está em busca de ajuda no meio empresarial.

O caixa da ONG só esteve cheio nos anos de 2004 e 2005 - o sucesso do filme Cazuza - O Tempo Não Para, de Sandra Werneck, lhe rendeu R$ 400 mil. Nos últimos cinco anos, tudo desandou, porque a verba que chegava graças a emendas de parlamentares do Rio deixou de vir.

"A burocracia piorou", explica Christina Moreira, coordenadora de projetos da Sociedade Viva Cazuza, referindo-se a mudanças introduzidas pelo governo Lula.

O problema é que contribuições esporádicas não garantem o funcionamento de uma casa que não fecha nunca. "A AIDS saiu de moda, virou banal", diz Lucinha. Outra questão: muita gente tende a achar que, por ser de família rica, ela não precisa de ajuda. "Confundem pessoa física com pessoa jurídica e pensam: ?Por que ela não vende tudo e coloca o dinheiro lá??".



O Estado de São Paulo: 10.08.09